- Ei, Leandro, qual é o ônibus que eu pego pra ir lá pra Augo Montenegro?
- Augusto Montenegro?
- É.
- Em geral, os ônibus com a listra verde passam por lá. Tapanã Ver-O-Peso, Conj. Maguari, Icoaraci...
- Ah, tá. E onde é que eu pego?
- Aqui mesmo na Almirante.
- Tá
Minutos depois...
- Eu tenho que ir lá na Augo Montenegro pra pegar o meu título de eleitor que foram pedir lá em casa. Uma mulher chegou lá, falou não sei o quê, dizendo que tinha que pegar o meu título de eleitor pra fazer não sei o quê pra ajudar os bairros mais pobres de Belém.
- E... a senhora simplesmente entregou?
- Entreguei. Só que isso faz duas semanas e ela não veio devolver ainda.
- Hum... então parece que a senhora vai ter que ir lá buscar mesmo.
- Pois é. Ela falou que ela mora na Augo Montenegro perto de um posto de gasolina, numa casa azul, perto de sei lá o quê, uma comunidade parece.
- A senhora não tem o endereço?
- É esse que eu to falando.
- Hum... olha... a senhora tá com um problemão. Existem vários postos de gasolina na Augusto Montenegro. A senhora realmente entregou o título de eleitor pra alguém desconhecido?
- Ela falou que era de um serviço que fazia sei lá o quê que ia ajudar os bairros mais carentes de Belém, parece.
- Mas esse é o problema: ela não se identificou. E por mais que tivesse se identificado, a senhora deveria pegar algum número de contato, no mínimo o endereço. Pedia pra ela anotar num papel e deixar com a senhora, algum cartão, algo físico.
- Pois é. Mas ela até pediu o meu CPF, mas não estava com ele na hora. Então ela levou só o título de eleitor.
- Porque ela não pegou apenas o número dos documentos?
- Ela falou que precisava do documento pra fazer sei lá o quê.
- Ah... tá. (Isso é muito esclarecedor, realmente).
- Mas eu entreguei porque a vizinha falou que ela era de confiança, que ajudava as pessoas mesmo.
- A senhora conhece essa vizinha?
- Conheço.
- Então vá falar com ela. Peça o endereço exato dessa mulher e peça também para ela anotar, só pra ajudar caso a senhora esqueça...
- Mas essa mulher levou os documentos de todas as pessoas da rua. Foi por isso que eu entreguei. Se ela for dar o calote, eu não vou sozinha pro fogo.
- ... (um raciocínio extremamente lógico, coerente e inteligente. Pena que eu seja tão estúpido a ponto de não comprêende-lo.)
- Eu ia lá agora procurar pela casa dela, mas acho melhor voltar pra casa.
- Eu também. ("A coragem está na ignorância". Faz sentido)
- E o pior é que depois eu fiquei pensando: como é que eu pude ser tão besta?
- Acontece...
- E depois eu falei pro meu marido. Pra quê? Ele esculhambou comigo: "Tu tá doida? Como é que tu vai entregar o teu título pra alguém que tu nem conhece? Quer dizer que se chegar alguém aqui e pedir algo, tu vai entregar?". Aí eu falei: "Claro que não! Eu não to doida".
- ... (hahahahahahahahaha)
- Aí ele continuou falando: "Tu acha mesmo que alguém vai ter dinheiro pra dar uma cesta básica pra cada morador daqui?"
- ... (Esse cara está no meu time.)
- Mas eu falei que a mulher ia devolver. Aí ele ficou calado, só me olhando.
- ... ("Não tem jeito mesmo". Acho que ele deve ter pensado isso. Eu pensei, pelo menos). Mas ela ainda não devolveu, não é?
- Não. Ele perguntou ontem: "E cadê a mulher? Já veio devolver?". Eu falei que não e ele começou a me esculhambar de novo.
- Pois é. Volte pra casa, fale com a sua viznha, peça pra ela anotar num papel o endereço desta mulher e, se tiver, um número de contato também. Depois a senhora me traga e eu verei onde é.
-Ah, tá.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Porra doido!
Ela é tão ignorante que chega a ser cruel!
... sem mais comentários!
Postar um comentário